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sexta-feira, 20 de outubro de 2017

RECONSTRUÇÃO


Voltei. É gente.

Dentre outras coisas comecei a fazer terapia há cerca de um mês. Nenhuma vergonha em falar disso. Na verdade me sinto bem com essa ideia. A vida adulta às vezes chega com umas pedradas e nem sempre nosso muro aguenta ileso. Busquei cimento e novos tijolos pra reconstruir tudo. 

Esse blog existe desde sei lá, 2012? Sim, desde 2012. Cinco anos que tenho esse espaço e sempre foi um apotecário de sentimentos, pensamentos, intuições, vivências. Nunca fiz imenso sucesso ou ganhei grana com ele. Sempre apenas desabafei, como todos os blogs de quando tudo era mato na internet.

Ainda continuo com o Decor Honesta, que pra mim não é bem um blog, e sim algo que eu gostaria de fazer como um trabalho e realmente ganhar grana: falar sobre comida e decoração. Mas vamo que vamo. O insta do DH também tá lindo.

Mas acredito que agora que a terapia tem um papel tão importante na minha vida, é o caso de eu voltar a escrever. E sempre gostei desse cantinho. Mudei o layout como quem troca a cor do cabelo, e por sinal o meu anda azul. Nesses anos todos ele foi de castanho pra preto, ruivo acobreado, vermelho vinho, azul escuro, roxo e agora turquesa. Os fios brancos também chegaram, finalmente, no alto dos meus 28 anos.

E mesmo no alto desses quase 30, de vez em quando eu me sinto aquela mesma menina. Aquela, com 16 anos, na escola onde não conhecia ninguém, no dia que acordou no escuro e vestiu os pés dos sapatos trocados. E só percebeu subindo a rampa do colégio.

Mas não faz mal. É sempre essa eterna reconstrução. E eu me sinto assim, tapando cada buraco, erguendo cada tijolo, brick by boring brick.


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OBS: Não é uma promessa, mas vou tentar voltar a escrever semanalmente. 

terça-feira, 11 de julho de 2017

Do chão não passa

Hoje acordei com essa sensação. De que não importa se você salta da ponta do penhasco, ou da beirada do oceano, ou da última nuvem antes do purgatório: do chão não passa.

Eu sou só uma menina que não chegou a três décadas de vivência, então o que eu sei, não é mesmo?

Eu não sei de nada. Nada mesmo. 

O que eu sei é que os anos foram passando e eu fui ficando mais calejada, de várias situações. A primeira vez que eu lidei com uma traição, uma separação brusca, meu deus. Eu achei que eu ia morrer.

Acho que eu morri um pouco. Depois a gente ressuscita, e segue o jogo.

Mas eu realmente achei que ia morrer, e digo fisicamente mesmo. Achei que meus sentidos iam explodir, ou pelo menos implodir. Um prédio condenado ruía dentro de mim. Nossa, como doeu. Doeu demais. Deixei um pouco daquela menina alegre e inocente por lá.

Na segunda vez, olha, foi tão foda quanto a primeira. Mas nada nem se compara à última.

Mas dessa vez, nem senti vontade de morrer não. Eu só queria engolir em seco, cuspir cacos de vidro, e seguir em frente.

Do chão eu não passei. Realmente. 

Não importa o que aconteça, e quantas vezes as pessoas te decepcionem profundamente na sua cara; você sacode a poeira, as lágrimas partidas, e segue em frente. Talvez dê passos mais lentos. Talvez decida percorrer o trecho sozinha. Mas só segue, somente isso. Sacode a poeira, passa um batom vermelho, sorri um pouco mais quebrado, e segue em frente.

Afinal, do chão você não passou. Só levanta e anda.

terça-feira, 18 de abril de 2017

Menina uva

Há mais de um ano que não apareço aqui. 2016 foi um borrão que passou por mim e eu nem percebi. Aconteceu coisa pra caralho. E esse blog meio que contou uma parte dessa história, todos esses anos.

Como eu cresci. Como eu criei uma casca bem grossa.

Tão grossa que acho bem difícil alguém perfurar. Eu, minha casca, meus cabelos cor de uva.

Panci se foi em 2015. Ainda sinto muita falta dela.

Hoje estão comigo: Ninica, Chiq e Nana. Muito amor felino.

Eu mudei de casa. Hoje moro na casinha dos sonhos. Que bom que eu tenho isso pra me acalentar. Porquê o resto... foi só um remendo de ilusão que me arrastou por anos.

Mas acabou. Como tudo na vida.

Eu amadureci? Pergunto pra mim mesma.

Meus cabelos de menina de 15 anos dizem que não. Mas tá tudo bem agora, quando eu escolho amar eles, entre tantas coisas que eu amo muito mais hoje do que ontem, em mim mesma.